quinta-feira, 25 de novembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Fuga do Rio de Janeiro

A merda se instaura quando o avião do presidente é abatido por terroristas e cai em Manhattan. Mais por azar do que por sorte, o presidente sobrevive. O grande lance é que Mr. President carrega consigo uma fita com dados importantes relacionados a um programa de pesquisa de fusão atômica com informações vitais para os governos dos Estados Unidos, China e União Soviética (VAI, anos 70!). Ao descobrirem que ele foi sequestrado e mantido refém pelo pica do crime novaiorquino, o "Duque de Nova York", só resta à polícia recorrer a um homem: Snake Plissken. Um anti-heroi fodão e sem nada a perder, enviado numa missão de resgate a um presidente de um país que o renegou. Começa aí uma violenta jornada ao coração das trevas americano.
O filme na realidade saiu no início dos 80, mas é baseado numa realidade já longínqua de uma Nova York dos anos 70 extremamente caótica e violenta. A cidade chegava a ser exótica de tão marginalizada; assaltos envolvendo assassinatos brutais eram mais comuns do que deveriam ser, gangues de rua ditavam as regras, narcotráfico era comércio, estuprar mulheres era um esporte de cavalheiros, e andar na rua ou no metrô de noite era puro suicídio. Essa Nova York suja e medonha é o mesmo universo de filmes como Taxi Driver ou The Warriors: Os Selvagens da Noite. John Carpenter criou um universo no qual esse caos urbano novaiorquino se extrapolava além de qualquer limite, e assim surgiu Fuga de Nova York.
Eu me pergunto se uma versão brasileira desse filme não iria engatar. Vejamos: O Rio vira uma prisão a céu aberto depois que os traficantes e milicianos alastram sua área de influência até a zona sul. Policias sendo fuzilados em praça pública, trocas de tiro constantes, batalhões de vinte ou trinta, todos fortemente armados, depredando as lojas e incendiando os carros. Tocado o terror, o Rio agora é deles. Evacuação de cidade? Essa é ótima. Suburbano e favelado tem mais é que se fuder, quem tiver dinheiro escapa sem problema, então tá resolvido. Feito isso, a PM começa a implantar UPPs não mais na porta dos morros, mas sim ao redor da cidade: Via Dutra, Região dos Lagos, Niterói, tudo sob ocupação constante da PM com um auxiliozinho básico do exército brasileiro. Volta e meia rola uma troca de tiros, mas o Brasil vai levando.
Eis que em sua viagem para São Paulo para assistir o jogo do Corinthians, o presidente sofre um atentado de radicais de direita e seu avião cai em plena zona sul do Rio. A PM então descobre que ele foi resgatado/sequestrado pelos criminosos e agora é mantido refém pelo maquiavélico "Rei do Rio". E agora? Como resgatar o presidente a tempo dele ver a final do Timão? Só resta à urubuzada recorrer à ajuda improvável e politicamente incorreta de Snake Nascimento, um ex-oficial do BOPE de uma longa linhagem de picas-grossas da fodeção do crime organizado, condenado injustamente (ou nem tanto) e agora escalado como a única esperança da mãe pátria que o abandonou.
"Wanna fuck me? Kiss me."
Até que renderia uma boa neo-chanchada trash, com uns tiroteiozinhos maneiros aqui e ali e um argumento social enfiado ali no meio de um forma meio sutil. Bota o Seu Jorge pra fazer o "Rei" e o elenco já tá de bom cabimento. Infelizmente, se esse filme fosse feito hoje ele serviria mais para entreter do que alertar quanto às consequências do que o Rio faz com ele mesmo, o que já é mais ou menos o caso de toda obra de cunho social que sai no Brasil hoje em dia. O mais triste, fora o fato de na vida real a merda continuar indo de encontro às hélices, é que esse filme nunca vai ser feito. A gente vai ter que se contentar com o que passa na Globo ou nos filmes do Padilha, e volta e meia abrir os olhos para o que de fato acontece, mas só para variar um pouco.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
A Jukebox de Tarantino

É difícil encontrar algum diretor nos dias de hoje que dê à música nos seus filmes um papel tão importante quanto a dos filmes do Quentin Tarantino. Talvez o detalhe mais interessante da musicalidade desses seus filmes seja o fato dele só utilizar músicas já existentes, algumas retiradas até de trilhas de outros filmes. Claro, nada mais comum pro diretorzão hollywoodiano do que encomendar uma trilha fuderosa e sob medida a um Hans Zimmer da vida, e o trabalho sair excelente. Mas uma coisa é fazer a música a partir do filme, e a outra é fazer o filme a partir da música.
Quentin mais de uma vez já comentou que uma das suas fontes de inspiração favoritas é a sua coleção de discos. Um dos grandes enigmas na vida de todo fã do diretor é "Onde ele acha essas merdas?", que se aplica tanto aos filmes nos quais ele se inspira quanto nas músicas que ele incorpora à própria obra. Chafurdando nas trilhas dele você acha hits dos anos 70, clássicos do surf music, temas musicais de Westerns, música disco cigana, baladas do cinema oriental, David Bowie, rockabilly japonês, e a lista segue. O leitor desavisado acaba se perguntando que porra uma coisa tem a ver com a outra, e como tudo isso caberia num filme só. Realmente não é fácil de se conceber, mas pro Tarantino isso é rotina.
Além da influência da música no filme em si, ela também é um tema bastante recorrente no meio daqueles intermináveis diálogos casuais que o diretor adora tanto. É comum vermos os personagens conversando sobre música. A cena inicial de Cães de Aluguel, que é sistematicamente a primeira cena de Tarantino no cinema, é marcada pelo próprio Tarantino comentando o sentido oculto de "Like A Virgin", da Madonna. Vemos o diretor-barra-coadjuvante explicando por A mais B o porque a música fala sobre uma garota viciada em paus grandes.
Falar da música nos filmes desse sujeito rende muito assunto, então eu espero fazer muitos posts ao longo de muito tempo comentando filme por filme, trilha por trilha, e até música por música. A jukebox de Tarantino é tão vasta assim.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Horrorshow!


E agora, damas e cavalheiros, uma breve introdução ao seu ilustre anfitrião...

Eventualmente eu por alguma razão mudei de ideia em relação aos filmes "adultos", e aí comecei a querer assistir filmes com atores. Vai ver foi porque eu tinha chegado naquela idade em que "desenho é coisa de criança". Comecei a ver filmes de terror, que isso sim era coisa de adulto. Desnecessário dizer que o meu cagaço durante o filme era indescritível, mas ninguém podia saber. O papo era sempre na linha do "Ah, aí eu assisti Sexta-Feira 13 pela décima vez ontem, mas nem dá medo", esperando conquistar a admiração dos meus coleguinhas, a qual eu nunca consegui por razões óbvias. Na onda de assistir filmes de terror na esperança de ficar adulto mais cedo, eu por sorte acabei vendo muitos filmes grotescamente bons, e descobri a magia do cinema B. O que será que tinha de tão cativante em todos aqueles galões de sangue "suco de tomate", ou nas tripas que pareciam macarronada? O que é que tinha de tão engraçado naquelas histórias sem sentido, nas cenas de sexo súbitas e desnecessárias, nas mortes ridículas e inverossímeis dos personagens? Acho que até hoje eu não sei, mas tá tudo lá pra ser degustado.
Treze anos. É nesse ponto da sua vida que você tem que decidir se você vai ser um moleque ou homem. E adivinha qual dos dois eu era? Um homem, é claro, porque eu ouvia metal e via filmes de zumbi. Cinema "sério"? Nem fudendo. Cinema "sério" é chato. Porque é que eu vou querer ver um filme bom, se eu posso ver um tão ruim que é bom? Só quem assiste esses filmes é gente velha que nem os meus pais e os amigos deles. Ao invés disso eu vou ficar aqui vendo esses filmes nojentos que só eu sou macho o bastante pra assistir sem nem pestanejar, e contemplar a minha própria macheza. Ah, se eu encontrasse eu mesmo naquela época eu juro que eu ia me dar tanta porrada... Mas tudo bem, deixa o moleque ser moleque.
Os anos passaram, e por mais que a minha idade mental não tenha avançado muito, eu sou forçado a reconhecer que o meu gosto amadureceu de verdade. Tive muita ajuda de amigos que entendem do assunto, e até dos meus pais, que me mostraram que as obras-primas e o trabalho dos grandes diretores tinham muito a ver com os filmes que eu gostava. Conheci Kubrick através da boa e velha ultraviolência. O terror psicológico de David Lynch. Conheci Hitchcock em meio a suspense e facadas. Sergio Leone ao som de tiros e riffs de guitarra. Enfim, conheci todo um novo universo dentro do cinema, e aí comecei a dar valor ao que presta. Dei uma chance aos clássicos, ao cinema de arte e ao independente decente. Cheguei à conclusão que o cinema é um território que vale a pena ser desbravado. Agora claro, por melhor que isso tudo seja, nada disso nunca vai superar a minha paixão por filmes B, cinema trash e terror dos anos 50.
Ok, então meio que em virtude disso eu criei esse espaço. Sendo o fã demente de cinema que eu sou, eu peço licensa para usar este espaço para recomendar filmes que eu gosto, comentar eles e com alguma esperança arrumar algum leitor que queira discutir sobre o que eu postar aqui. O mais importante, porém: A única coisa que eu gosto mais do que cinema é a música. Basicamente tudo que eu mencionar aqui vai ter alguma influência musical de uma forma ou de outra. Se tem uma coisa que eu sei é que a música e o cinema formam um par perfeito. São o Bonnie e Clyde do universo das artes. Enfim...
Senhoras e senhores, devido à natureza excepcionalmente chocante da apresentação que estão prestes a assistir, somos por motivos de força maior levados a educadamente instruí-los a prezar por sua própria segurança. Aqueles dos cavalheiros aqui presentes que porventura sofram de problemas cardíacos, crises nervosas ou mesmo aversão a terror intenso e realismo explícito são alertados a se retirar imediatamente do recinto. Quem é macho pode ficar, e boa sessão.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
"Groovy"?
adj. groov·i·er, groov·i·est (Slang, British informal)
· Very pleasing; wonderful.
· Attractive, fashionable, or exciting.