Eventualmente eu por alguma razão mudei de ideia em relação aos filmes "adultos", e aí comecei a querer assistir filmes com atores. Vai ver foi porque eu tinha chegado naquela idade em que "desenho é coisa de criança". Comecei a ver filmes de terror, que isso sim era coisa de adulto. Desnecessário dizer que o meu cagaço durante o filme era indescritível, mas ninguém podia saber. O papo era sempre na linha do "Ah, aí eu assisti Sexta-Feira 13 pela décima vez ontem, mas nem dá medo", esperando conquistar a admiração dos meus coleguinhas, a qual eu nunca consegui por razões óbvias. Na onda de assistir filmes de terror na esperança de ficar adulto mais cedo, eu por sorte acabei vendo muitos filmes grotescamente bons, e descobri a magia do cinema B. O que será que tinha de tão cativante em todos aqueles galões de sangue "suco de tomate", ou nas tripas que pareciam macarronada? O que é que tinha de tão engraçado naquelas histórias sem sentido, nas cenas de sexo súbitas e desnecessárias, nas mortes ridículas e inverossímeis dos personagens? Acho que até hoje eu não sei, mas tá tudo lá pra ser degustado.
Treze anos. É nesse ponto da sua vida que você tem que decidir se você vai ser um moleque ou homem. E adivinha qual dos dois eu era? Um homem, é claro, porque eu ouvia metal e via filmes de zumbi. Cinema "sério"? Nem fudendo. Cinema "sério" é chato. Porque é que eu vou querer ver um filme bom, se eu posso ver um tão ruim que é bom? Só quem assiste esses filmes é gente velha que nem os meus pais e os amigos deles. Ao invés disso eu vou ficar aqui vendo esses filmes nojentos que só eu sou macho o bastante pra assistir sem nem pestanejar, e contemplar a minha própria macheza. Ah, se eu encontrasse eu mesmo naquela época eu juro que eu ia me dar tanta porrada... Mas tudo bem, deixa o moleque ser moleque.
Os anos passaram, e por mais que a minha idade mental não tenha avançado muito, eu sou forçado a reconhecer que o meu gosto amadureceu de verdade. Tive muita ajuda de amigos que entendem do assunto, e até dos meus pais, que me mostraram que as obras-primas e o trabalho dos grandes diretores tinham muito a ver com os filmes que eu gostava. Conheci Kubrick através da boa e velha ultraviolência. O terror psicológico de David Lynch. Conheci Hitchcock em meio a suspense e facadas. Sergio Leone ao som de tiros e riffs de guitarra. Enfim, conheci todo um novo universo dentro do cinema, e aí comecei a dar valor ao que presta. Dei uma chance aos clássicos, ao cinema de arte e ao independente decente. Cheguei à conclusão que o cinema é um território que vale a pena ser desbravado. Agora claro, por melhor que isso tudo seja, nada disso nunca vai superar a minha paixão por filmes B, cinema trash e terror dos anos 50.
Ok, então meio que em virtude disso eu criei esse espaço. Sendo o fã demente de cinema que eu sou, eu peço licensa para usar este espaço para recomendar filmes que eu gosto, comentar eles e com alguma esperança arrumar algum leitor que queira discutir sobre o que eu postar aqui. O mais importante, porém: A única coisa que eu gosto mais do que cinema é a música. Basicamente tudo que eu mencionar aqui vai ter alguma influência musical de uma forma ou de outra. Se tem uma coisa que eu sei é que a música e o cinema formam um par perfeito. São o Bonnie e Clyde do universo das artes. Enfim...
Senhoras e senhores, devido à natureza excepcionalmente chocante da apresentação que estão prestes a assistir, somos por motivos de força maior levados a educadamente instruí-los a prezar por sua própria segurança. Aqueles dos cavalheiros aqui presentes que porventura sofram de problemas cardíacos, crises nervosas ou mesmo aversão a terror intenso e realismo explícito são alertados a se retirar imediatamente do recinto. Quem é macho pode ficar, e boa sessão.
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